A ceia do Senhor – O Memorial do Senhor
Instrução de Jesus “fazei isto em memória de mim” não significa ter uma recordação intelectual de sua pessoa; trata-se de uma ordem para que a comunidade de fiéis ( a Igreja) celebre a entrega de Jesus ratificada na cruz e plenificada na ressurreição. E, como a páscoa de Jesus foi realizada como plenificação da Páscoa judaica, a “memória” que se celebra é o conjunto dos atos salvificos de Deus, quando a morte foi transformada em vida. A celebração da eucaristia é atualização, no aqui e agora, dos eventos salvíficos realizados ao longo da história que culminaram no mistério de Cristo.
João 13,1-15 : Façais assim como eu fiz
Cena do lava-pés relata a exaltação de Jesus, sua elevação ao Pai. Nesse bloco, Jesus se dirige aos discípulos num longo discurso de despedida.
A ceia realizada antes da festa da Páscoa, ou seja, antes de Jesus passar deste mundo ao Pai. A ceia é dominada pela temática: amor e fidelidade. Jesus amou os seus e seu amor permanece até o fim. Esse amor será transbordado na entrega definitiva de Jesus na cruz.
Nos vv2-5:, Jesus põe-se a lavar os pés dos seus discípulos. Cear com alguém significa partilhar de sua vida e ideias. Jesus partilhava com seus a mesma vida e missão que recebeu do Pai. Jesus vai mostrar, no gesto do lava-pés, o que significa esse amor pleno recebido do Pai e oferecido aos seus.
Lavar os pés era uma atividade realizada pelo anfitrião ou pelo primogênito e não por escravo. No AT o dono da casa lavava os pés do hóspede como gesto de acolhida. É um sinal profunda em que se acolhe, dando-se de forma definitiva no Filho. Esse gesto fundamenta a vocação da Igreja no mundo.
O questionamento de Pedro: não permitir a Jesus lavar-lhe os pés significa não tomar parte com ele, não ter parte da herança, não participar da comunhão com Deus realizada em Jesus Cristo.
VV12-15 explicam a atitude de Jesus, oferecem o seu significado. Aqueles que têm parte com Jesus, que partilham de sua vida e missão, não poderão se ausentar do serviço ao outro. Serviço que se traduz no acolhimento do outro, na entrega de si, numa vida de doação e serviço amoroso. Somente ama aquele que entrega a própria vida.
Êxodo 12,1-8.11-14 : Este será para vós um memorial perpétuo
A Páscoa e o êxodo, momentos fundadores de Israel como povo, são inseparáveis. A primeira Páscoa: a esperança de salvação dos primogênitos e a expectativa de libertação da escravidão. A salvação dos primogênitos significa que a vida das futuras gerações. Era o primogênitos quem levava adiante o nome do clã ou da tribo. À salvação dos primogênitos garantida de vida livre e digna para as futuras gerações.
Para representar essa dupla ação de Deus, cada família deveria escolher um cordeiro ou cabrito sem defeito, simbolizando a integridade da oferta ao Deus uno e perfeito.
Por meio do sangue do cordeiro, símbolo da vida dos ofertantes, marcando a entrada das casas, Deus proibiu a ação da morte contra os hebreus (Ex 12,22-23).
O restante do cordeiro era assado e consumido pela família. A carne do animal não era cozido porque isso tomaria muito tempo e esse alimento deveria ser preparado o mais rapidamente possível. A família teria de comê-lo apressadamento, para sair sem perda de tempo. Todos deveriam assimilar a urgência da libertação a ser realizada por Deus.
Todos esses simbolismos da celebração da Páscoa dos hebreus visam mostram que Deus saiu vitorioso contra todos os deuses do Egito (Ex 12,12) e sobre os maiores inimigos da humanidade representados por esses deuses: a morte e a escravidão.
1 Coríntios 11,23-26 : Fazei isto em memória de mim
O pensamento bíblico do primeiro século , os verbos “receber e transmitir” refletem a transmissão de tradições sagradas que precediam de fontes fidedignas.
O texto ressalta que Jesus “deu graças”: essa expressão, no idioma em que foi escrita, eukaristein, de onde deriva o termo eucaristia.
Partir o pão indica a participação de modos os comerciais em um mesmo pão partilhado, significando a comunhão entre Cristo e a Igreja. O pão fracionado e entregue aos comensais representa a totalidade da vida de Jesus. Essa oferta de Jesus é que alimenta a Igreja e dá a ela enquanto caminha rumo ao reino definitivo.