Exigências do ser cristão
Há pessoas que se declaram cristãs por hábito ou conveniência, sem assumir as exigências do ser cristão. Com um verniz de religiosidade, tornam-se participantes ou patrocinadoras de uma sociedade desigual e injusta. Essa realidade pode ser transformada, desde que as pessoas adquiram a Sabedoria que vem de Deus e ajudem a iluminar os rumos da sociedade (I leitura). Ser cristão implica o estabelecimento de prioridades, amadurecendo-as e executando-as coerentemente (evangelho). Numa sociedade marcada por diferenças sociais, onde Uns dominam e outros são dominados, o Evangelho surge como a força libertadora, onde todos colaboram e servem ao bem de todos (II leitura).
Sabedoria 9, 13-18 – Viver as exigências da fé numa terra estranha. O pessimismo ao considerar as relações é talvez reflexo da incerteza sofrida por um povo que se vê invadido por culturas e costumes estrangeiros. Na antiguidade, esperava-se que a autoridade política fosse uma espécie de grande pai, provedor paternal de todas as necessidades do povo. Hoje, percebe-se que o governante é expressão da vontade daqueles que o escolheram. Assim, a autoridade exprime a consciência política existente numa determinada nação em luta. Governo justo seria aquele que procura interpretar as necessidades do bem comum e realizar a justiça para todos.
Lucas 14, 25-33 – Exigências do ser cristão. O Reino de Deus é apresentado como banquete em que Deus reúne os seus convidados. Ainda que os representantes oficiais e os habituados à religião recusem o convite, dando mais importância aos seus próprios afazeres, o Reino permanece aberto para aqueles que comumente são julgados como excluídos: os marginalizados da sociedade e da religião. Seguir a Jesus e continuar o seu projeto (= ser discípulo) é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas.
Filemon 9b-10.12-17 – O ser cristão elimina as desigualdades sociais. Paulo considera Onésimo como filho, porque foi graças a ele que Onésimo se converteu. O nome Onésimo significa «útil». Pedindo que Filemon trate Onésimo como irmão, Paulo mostra que o Evangelho põe fim às diferenças entre os homens e esvazia completamente o estatuto da escravidão. Paulo assume inteira responsabilidade, propondo-se a pagar pessoalmente o dano causado pela fuga de Onésimo. Mas lembra também que Filemon foi convertido por Paulo, a quem deve, por isso, a própria vida. Desse modo, o Apóstolo mostra que há valores muito mais importantes do que qualquer dívida material.