A misericórdia de Deus e que justifica o homem pecador
No ano que já chega ao fim, pudemos perceber que muitos brasileiros invocam o nome de Deus, vão à missa, professam-se cristãos, criam uma religião ao sabor de seus interesses para acobertar os desmandos que cometem e as vidas que eliminam, impunemente. No fundo, nada fazem senão repetir a velha tática de querer manipular a Deus, considerando-se piedosos e homens de igreja, tentando ganhar simpatias e cargos para continuarem explorando e matando.
Ritos e funções religiosas não convencem a Deus. O termo “religioso”ou “católico”pode encobrir ambiguidade e contradições. Não cabe a nós julgar. Mas a palavra de Deus hoje insiste em afirmar que Deus detesta ofertas, ritos, orações e celebrações que procuram “comprar”Deus, pois só ele, e não nossas ações, pode justificar. E ele justifica quem reconhece seu nada e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da gratuidade de Deus.
Eclesiástico 35,15-17.20-22 – Deus não faz distinção de pessoas. A suprema audácia dos mantenedores de uma estrutura social injusta está em tentar corromper Deus, procurando colocá-lo do lado deles. O grito do pobre denuncia a injustiça e obriga Deus a tomar o partido dele, restabelecendo a justiça.
Lucas 18,9-14 – Deus ama o pecador arrependido e o perdoa. Não basta ser perseverante e insistente. É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo à misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus.
2 Timóteo 4,6-8.16-18 – O cristão diante da morte. Diante da certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3° Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15,37-39). Mas o encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10).