Quem é quem na justiça do Reino?
Nós nos reunimos para celebrar a fé naquele que se apresentou em nosso meio como simples homem, rebaixou-se , meio como simples homem, rebaixou-se, foi obediente até a morte e morte de cruz. Diante dele todos os joelhos se dobram e toda a liga proclama: “Jesus é o Senhor” ( II leitura). Abrindo os olhos, percebemos estar vivendo numa sociedade desigual, onde não é possível pôr a culpa somente nos outros e, menos ainda, em somente nos outros e, menos ainda em Deus. Se nos convertermos, poderemos caminhar rumo aos horizontes de uma sociedade justa e fraterna ( I leitura). Por isso a celebração da fé tem como objetivo mostrar quem somos nós diante de Jesus e diante das pessoas. Se não nos comprometemos com ele, acabaremos excluídos do Reino do Céu, pois o Pai não quer pessoas que digam “sim” mas depois o traiam refugiando-se numa religião maquilada e falsa (evangelho).
Ezequiel 18, 25-28 – Comunidade de pessoas responsáveis –Ezequiel fala ao grupo dos exilados que está na Babilônia. Por que foram exilados? A idéia de moral grupal dizia que uma geração acaba pagando pelos erros de gerações anteriores. Nesse modo de pensar os exilados estariam fatalmente pagando pelo acúmulo de erros dos antepassados. O profeta, porém, vai contra essa concepção, e demonstra o seguinte:- Cada pessoa e cada geração é responsável por sua conduta, tanto em nível individual como coletivo. – Cada pessoa e geração tem a possibilidade de se converter, mudando completamente a orientação da própria vida.
Ezequiel não nega que uma geração possa sofrer conseqüências de atos da geração anterior. Embora a culpa seja das gerações anteriores, aquela que sofre as conseqüências deverá tomar posição e mudar o rumo dos acontecimentos.
Mateus 21,28-32 – Quem é contra a justiça do Reino? O filho mais velho é figura dos pecadores públicos que se convertem à justiça anunciada por João Batista e por Jesus. O filho mais novo é figura dos chefes do povo, que se consideram justos e não se convertem.
Filipenses 2,1-11 – Tenham as mesmas disposições de vida que havia em Jesus. Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum.
Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.
A vida da comunidade não deve depender da presença dos seus dirigentes e líderes, e sim da obediência a Deus, a exemplo de Cristo (2,8). Inserida na sociedade, a tarefa da comunidade cristã é ser a família de Deus que se torna luz do mundo, por meio do testemunho do Evangelho, «Palavra de vida’.