A palavra se encarnou e armou sua tenda entre nós
Que bom seria se o espírito natalino tomasse conta de todos os dias da vida. Vivemos continuamente agradecidos, pois o Natal – Início de nossa redenção – é o ponto alto da comunicação amorosa do nosso Deus. Hoje é dia de boas notícias: o nosso Deus vem para reinar, para fazer estremecer de júbilo as ruínas de Jerusalém e as nossas ruínas; na pessoa do Filho – Palavra encarnada que armou sua tenda no meio de nós – Deus nos fala e nos contempla face a face, e nós podemos contemplá-lo como um de nós. A Eucaristia coroa nossa celebração, e nela somos gratos ao Pai, pois na Palavra feita gente recebemos o poder de nos tornarmos filhos de Deus , nós que acolhemos Jesus e acreditamos em seu nome.
Isaias 52, 7-10 – Seu Deus reina .
A primeira leitura anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
As sentinelas atentas que, nas montanhas em redor de Jerusalém, identificam a chegada do Deus libertador são um modelo para nós: convidam-nos a ler, atentamente, os sinais da presença libertadora de Deus no mundo e a anunciar a todos os homens que Deus aí está, para reinar sobre nós e para nos dar a salvação e a paz. Somos sentinelas atentas que descobrem os sinais do Senhor nos caminhos da história e anunciam o seu “reinado”, ou somos sentinelas negligentes que não vigiam nem alertam e que fazem com que o Deus libertador seja acolhido com indiferença pelo povo da “cidade”?
João 1,1-18 – A Palavra se encarnou e armou sua tenda entre nós.
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/”Palavra” é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
A transformação da “Palavra” em “carne” (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.
Colossenses 3,12-21 – Se somos bons, nossas comunidades e famílias serão ótimas.
A leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projeto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a “Palavra” de Deus que os homens devem escutar e acolher.
Celebrar o nascimento de Jesus é, em primeiro lugar, contemplar o amor de um Deus que nunca abandonou os homens à sua sorte; por isso, rompeu as distâncias, encontrou forma de dialogar com o homem e enviou o próprio Filho para conduzir o homem ao encontro da vida definitiva, da salvação plena. No dia de Natal, nunca será demais insistir nisto: o Deus em quem acreditamos é o Deus do amor e da relação, que continua a nascer no mundo, a apostar nos homens, a querer dialogar com eles, e que não desiste de propor aos homens – apesar da indiferença com que as suas propostas são, às vezes, acolhidas – um caminho para chegar à felicidade plena.
• Jesus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… “Escutar” essa Palavra é acolher o projeto que Jesus veio apresentar e fazer dele a nossa referência, o critério fundamental que orienta as nossas atitudes e as nossas opções. A Palavra viva de Deus (Jesus) é, de facto, a nossa referência? O que Ele diz orienta e condiciona as minhas atitudes, os meus valores, as minhas tomadas de posição? Os valores do Evangelho são os meus valores? Vejo no Evangelho de Jesus a Palavra viva de Deus, a Palavra plena e definitiva através da qual Deus me diz como chegar à salvação, à vida definitiva?