O mundo é a família de Deus, pois Jesus se encarnou em nossa realidade, experimentou o drama de todas as famílias humanas, conduzindo seu povo para a vida em plenitude. Toda celebração eucarística é catequese permanente da ação de Deus em nossa vida. Por isso, com a festa da Sagrada Família, celebramos não só o sofrimento das famílias brasileiras, mas a certeza de que estamos sendo guiados por Deus no caminho que conduz à liberdade para todos.
Encerramos mais um ano de caminhada. Agradecemos a Deus a alegria das esperanças realizadas. E celebramos desde já as expectativas, pois a maioria das comunidades e famílias ainda não viu brilhar no horizonte o êxodo definitivo ao qual Deus nos conduz.
O ciclo natalino dá ensejo para algumas catequeses mais específicas, em margem do Mistério central da Encarnação. São mais específicas, em margem do Mistério central da Encarnação. São sobretudo a festa da Sagrada Família e da Mãe de Deus. A festa da Sagrada Família insere-se, teologicamente, na linha da missa da noite de Natal: a contemplação da condição humana de Jesus. Mas aproveita esta contemplação para sugerir algumas atitudes concretas para a vida cristã, especificamente, com relação à vida em família. A vida familiar de Jesus é, por assim dizer, proposta como modelo de toda família cristã. Contudo, isto não nos deve levar a uma liturgia meramente moralista. Inclusive, uma moralização direta a partir da família de Nazaré seria, provavelmente, pouco adequada para a nossa civilização urbana… O importante, na comemoração litúrgica, é presenciarmos o Mistério da família de Nazaré, para, imbuídos se seu espírito, voltar à nossa própria situação.
Eclesiástico 3, 2-17 – Regras para a vida familiar. Regras de sabedoria judaica para a vida familiar. Prevalecem o respeito dos pais, o bom comportamento e o bom senso.
Colossenses 3, 12-21 – O amor de Cristo, fundamento das regras da vida familiar – Paulo cita brevemente as regras da boa família helenística . A norma, porém, de tais regras não é o mero bom comportamento, mas Cristo mesmo. Ele dá aos homens viverem juntos na paz e no amor. Isso vale para a família e para a comunidade. Onde vive a paz, a Palavra de Cristo encontra acolhida; aí também descobre-se a alegria no oração e no trabalho em comum, cada dia.
Lucas 2,22-40 : O Messias, sinal de contradição Todo primogênito pertencia a Deus, e devia ser resgatado por meio de um sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe, e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre podia oferecer duas rolas ou dois pombinhos, em lugar do cordeiro (cf. Lv 5,1-8). O Messias nasce como dominado, em lugar pobre, e vem pobre, para os pobres. 25-40: Simeão e Ana também representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Lc 6,20-26.