A libertação é dom de Deus e conquista da pessoa
No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas “tentações” que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
Deuteronômio 26,4-10 – Fé é reconhecer a ação libertadora de Deus na história, comprometendo-se
A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da autossuficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.
Tudo o que recebemos é de Deus e não nosso. Somos apenas administradores dos dons que Deus colocou à disposição de todos os homens. A nossa relação com os bens – mesmo os mais fundamentais – não pode, pois, ser uma relação fechada e egoísta: tudo pertence a Deus, o Pai de todos os homens e deve, portanto, ser partilhado. Como nos situamos face a isto? Os bens que Deus colocou à nossa disposição servem penas para nosso benefício exclusivo, ou são vistos como dons de Deus para todos?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 90 (91)
Refrão: Estai comigo, Senhor, no meio da adversidade.
Romanos 10,8-13 – “Confessar com a boca e crer no coração”
A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e autossuficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, “converter-se” a Jesus, isto é, reconhecê-lo como o “Senhor” e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
Quando nos reunimos em assembleia e proclamamos Jesus como o nosso “Senhor”, somos uma verdadeira comunidade de irmãos, sem “judeu nem grego”, ou continuamos a ser uma comunidade dividida, com amigos e inimigos, ricos e pobres, negros e brancos, santos e pecadores, superiores e inferiores?
Lucas 4,1-13 – Como Jesus realiza a libertação dos oprimidos
O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus.
Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espetaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.
Podemos, também, ceder à tentação de usar Deus ou os dons de Deus para brilhar, para dar espetáculo, para levar os outros a admirar-nos e a bater-nos palmas. A isto Jesus responde de forma determinada: não utilizarás Deus em proveito da tua vaidade e do teu êxito pessoal.