Humilde e obediente até a morte de cruz
As leituras de hoje destacam a humildade como fundamento da obediência. Ser humilde é despojar-se do orgulho. É tornar-se uma pessoa integrada, que sabe lidar com todas as coisas e situações de forma harmoniosa. O orgulho desarmoniza, faz pessoas, ideias, objetos e situações ocuparem o lugar de Deus na vida do ser humano, tornando-o escravo de um ídolo. A palavra “obediente”, nos idiomas mais antigos, significa “prestar atenção”, “dar ouvidos”. A obediência de Jesus ao Pai significa, antes de tudo, que Jesus levou ao cumprimento pleno o projeto de amor de Deus para com o ser humano. Nem mesmo nos tornamos difíceis ele voltou atrás no que ensinou e no que mostrou na própria vida a respeito de Deus e de seu reino de fraternidade universal. Nem mesmo a tortura da cruz o fez desistir de mostrar às pessoas a quem é o Pai e qual a proposta dele ao ser humano. É nesse sentido que a cruz de Jesus é sinal de humildade e obediência.
Isaias 50,4-7 – Terceiro Canto do servo de Javé; paciência e confiança – O primeiro Canto do Servo fala da vocação (Is 42; Batismo do Senhor); o segundo Canto mostra a dificuldade de sua missão (Is 49,1-6); o terceiro Canto (hoje) descreve o Servo como sendo o perfeito discípulo, profeta fiel, que não teme oposição e perseguição, pois está do lado de Deus (Fl 2,6-11).
Filipenses 2,6-11- O despojamento de Jesus Cristo por nós e sua exaltação – o filho de Deus se tornou servo, obediente à vontade do Pai e exposto aos poderes deste mundo. No serviço fiel até a morte da cruz, mostrou sua grandeza. Por isso, Deus o glorificou e o tornou “Senhor”. – 2,6-8.
Lucas 22,14-23,56 – A Paixão de Jesus segundo Lucas – A narração da Paixão, em Lc, é mais “edificante” que em Mc (e Mt). Lc apresenta Jesus como o modelo que o cristão deve imitar (o primeiro) mártir cristão é apresentado, por Lucas, em At 7, como um perfeito imitador de Jesus). Mas a narração da Paixão constitui também o centro do plano de Deus, que quer que de Jerusalém saia a salvação para o mundo inteiro. Gólgota é o centro do mundo e a morte de Jesus o centro do templo, no projeto da salvação.
Evitar falar a Paixão de Cristo como se esta fizesse parte de um plano sádico de Deus Pai com o objetivo de lavar os pecados da humanidade. Deus é amor infinito e não teria sentido esse tipo de atitude para com seu próprio Filho. Também evitar culpar grupos judaicos ou o império romano pelo acontecido temporal. Ao contrário, ressaltar que, na condenação de Jesus, se manifesta o orgulho de todo ser humano e sua rebeldia contra o projeto de amor e fraternidade do Pai.