O Advento indica: espera, distância, ausência, gestação! Natal, proximidade, encarnação, presença! A Epifania, manifestação, divulgação. Cada celebração é, ao mesmo tempo. Natal, Advento e Epifania.
Advento: Deus veio, vem e virá. Com quatro semanas antecedendo o Natal, o Advento inicia um tempo novo na Igreja, um novo ano litúrgico. Este tempo nos prepara par acolher o Senhor que sempre vem, manifestando-se a nós. Essa manifestação se dá em dois aspectos: a manifestação em carne ao nascer, que constitui sua primeira vinda, e sua manifestação gloriosa, no fim dos tempos, sua segunda vinda.
Neste período, entramos em ritmo mais intenso de espera e esperança, de alegre e cuidadosa vigilância. Aguardamos hoje a chegada do Senhor, aguçando nossa sensibilidade para perceber os inúmeros sinais que revelam a transparência de Deus em nosso tempo, ainda tão conturbado, e em nossa realidade humana, ainda tão corrompida, violenta e sofrida: sinais evidentes de distanciamento do projeto de vida para o qual fomos criados. Somos seres de desejo, inacabados, com sonhos de ser sempre mais, grávidos da utopia do reino.
Os textos bíblicos de Isaías e Mateus alimentam nosso sonho de um mundo de paz e reconciliação, pela esperança da “justiça que vem de Deus”, e não do jogo oportunista do poder humano.
Um dos símbolos do advento é a coroa, feita com ramos verdes, com as quatro velas que progressivamente se acendem, retomando o costume judaico de celebrar a vinda da luz à humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais, expressa nossa prontidão e abertura ao Senhor que vem e quer nos encontrar acordados e com nossas lâmpadas acesas. O outro símbolo é a Novena, feita em grupos, é uma maneira de intensificar a espera e alimentar a esperança da libertação com cantos, orações, meditação da Palavra, gestos de solidariedade e compromisso com os mais pobres, montagem do presépio e momentos de confraternização.
Primeiro domingo do Advento – Perspectiva cristã do tempo e do mundo
Isaias 2, 1-5 – A utopia messiânica e o caminho dos homens ao recinto de Deus. Sião: o lugar da presença de Deus ( Is 6,1ss ). Para aí subirão as nações no tempo messiânico, para procurar a palavra e a sabedoria de Deus. Profecia proclamada pelos anos 700 a.C ; o profeta já não espera a salvação da estratégia política e militar, mas do Deus de Sião e do universo. – Mq 4,1-3; Jo 4,22; Is 60, 1-3;Sl 119
Mateus 24, 37-44. O vigilante dono da casa; expectativa escatológica – O filho do homem virá arrematar a história e julgar toda a existência, mas ninguém conhece a hora (v.36). Apesar dos pesságios, ele vem de repente; ilustrações: 1) os dias de Noé (VV.37-39); 2) pessoas separadas no seu trabalho em conjunto (VV. 40-41).Conseqüência: não calcular, mas estar pronto (42-44). Isso vale tanto para nossa existência aqui agora, quanto para o fim do tempo. Sempre, o Senhor deve encontrar-nos “vigiando”, o que não quer dizer irrequietos, mas dedicados a seu serviço na prática do amor ao nosso irmão.
Romanos 13, 11-14. Levantar do sono, pois a salvação está perto. Com a vinda do Cristo, chega o “dia”decisivo: a Luz do dia brilha para todos os homens. Desde nosso nascimento no batismo, vivemos para o dia que agora chegou: o dia do encontro com Cristo. Sua luz orienta nossa vida.
Resumindo, podemos dizer que este domingo nos ensina a expectativa cristã da vida e do mundo. Revivendo a sempre atual expectativa messiânica, isto é, da salvação que vem de Deus, animamo-nos para assumir, como expressão de nossa participação na salvação que vem de Deus, uma atitude ética renovadora, que transforma a nós mesmos, a nossa sociedade e ao mundo.