Missão do povo de Deus
Neste domingo, a Palavra que vamos refletir recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que Ele tem de oferecer aos homens, a cada passo, a sua vida e a sua salvação. No entanto, a intervenção de Deus na história humana concretiza-se através daqueles que Ele chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e testemunhas da sua bondade.
Não por méritos, mas por misericórdia do nosso Deus, somos um reino de sacerdotes e nação santa, e como tal nos reunimos para celebrar a fé o Deus aliado dos despossuídos e marginalizados. Na celebração eucarística fazemos memória do que Deus realizou em favor, pois “quando ainda estávamos sem forças Cristo morreu pelos injustos no tempo oportuno”. Na celebração eucarística alimentamos a esperança de transformar o sacerdócio de todos os fiéis em serviço à liberdade de todos os que estão cansados e abatidos como ovelhas sem pastor. Nossa missão é a mesma de Jesus, e na festa da Eucaristia assumimos desde agora o compromisso com o dia em que todos poderão festejar a vida em plenitude que Deus quer para todos.
Êxodo 19, 2-6a- Um povo comprometido com seu Deus.
A primeira leitura apresenta-nos o Deus da “aliança”, que elege um Povo para com ele estabelecer laços de comunhão e de familiaridade; a esse Povo, Jahwéh confia uma missão sacerdotal: Israel deve ser o Povo reservado para o serviço de Jahwéh, isto é, para ser um sinal de Deus no meio das outras nações.
Esta história procura explicar a destruição de duas cidades vizinhas ao mar Morto. Sobressai aqui a justiça de Deus, que ouve o clamor dos oprimidos (v. 13). Sodoma e Gomorra se tornarão o símbolo da corrupção e da injustiça (Is 1,9-10; Jr 49,18; Mt 11,23 etc.). Ló é salvo porque observou a lei da hospitalidade, uma das mais importantes no mundo oriental.
Oração – Nós Te bendizemos, ó Pai, pela ternura que manifestaste para com o teu povo: fizeste-o sair do Egito para o libertar, guiaste-o através do deserto, fizeste dele o teu povo e um reino de sacerdotes. Nós Te pedimos: abre os nossos corações e os nossos espíritos à tua palavra, torna-nos atentos à tua voz, para que guardemos a tua Aliança.
Salmo 99,2.3.5– A realeza de Deus é uma crítica às pretensões da autossuficiência, que cria desigualdades e injustiças. A aclamação «ele é Santo» se repete nos vv. 5 e 9. A santidade de Deus se demonstra em seus atos históricos para libertar os pobres e oprimidos, fundando uma nova história. O reconhecimento social da santidade de Deus leva o povo a organizar uma sociedade alternativa, em que a justiça e o direito produzem relações igualitárias entre as pessoas.
Mateus 9, 36-10,8 – A missão do povo de Deus.
O Evangelho traz-nos o “discurso da missão”. Nele, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o envio de “doze” discípulos (que representam a totalidade do Povo de Deus) a anunciar o “Reino”. Esses “doze” serão os continuadores da missão de Jesus e deverão levar a proposta de salvação e de libertação que Deus fez aos homens em Jesus, a toda a terra.
Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana
Oração: Nós Te damos graças pela bondade de Jesus, porque Ele cuidou das multidões humanas quando estavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Nós Te bendizemos pelos apóstolos que instituíste. Mestre, nós Te pedimos: envia operários para a tua seara. Torna-nos acolhedores do Reino dos Céus que está bem próximo.
Romanos 5,6-11 – Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores.
A segunda leitura sugere que a comunidade dos discípulos é fundamentalmente uma comunidade de pessoas a quem Deus ama. A sua missão no mundo é dar testemunho do amor de Deus pelos homens – um amor eterno, inquebrável, gratuito e absolutamente único.
Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11).
O termo «tribulação», que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.
Oração: Nós Te damos graças, porque nos deste a maior prova do teu amor, enviando-nos o teu Filho Jesus, e Ele mesmo viveu até aceitar a morte. Por Ele, reconciliaste-nos contigo. Nós Te pedimos por todas as vítimas das injustiças. Salva-nos pela vida de Cristo ressuscitado. Justifica-nos pelo dom do teu Espírito.