Muitos católicos nutrem dúvidas importantes sobre a natureza do dízimo, sua origem na antiguidade, o que a Bíblia diz sobre o assunto e como esse compromisso de fé funciona nos dias de hoje. Isso é muito natural, já que as informações podem ficar desencontradas num mundo tão conectado, repleto de discursos vindos de todos os lados. Para te ajudar com essas dúvidas, reunimos algumas respostas objetivas retiradas de fontes confiáveis. Nossa missão é apresentar um panorama didático dessas discussões para que você aborde o assunto com mais segurança.
A palavra dízimo veio do Latim, decimus, que significa um décimo; a décima parte de alguma quantia. Historicamente, ficou marcada como uma palavra exclusiva ao âmbito religioso, mas já foi utilizada para descrever impostos que alguns reis cobravam de seu povo. “Dar o dízimo”, portanto (e de maneira literal), quer dizer ofertar periodicamente a décima parte de seus rendimentos ou produção ao templo. O conceito pode parecer simples, mas a realidade atual oferece muito mais nuances e detalhes. Para compreender o que o dízimo católico é hoje, precisamos conhecer suas origens!
A tradição judaica conta que, no Antigo Testamento, um pagamento de 10% dos rendimentos era exigido das tribos de Israel para o sustento dos levitas, que não tinham direito a terras ou a heranças. Os levitas, por sua vez, eram os responsáveis pela manutenção do templo, e utilizavam essa arrecadação para realizar as atividades de adoração. As pessoas doavam coisas de todas as ordens: animais, grãos, pães, joias, bens, moedas… tudo o que pudesse ajudar o templo a cuidar dos mais necessitados, como os idosos, doentes e órfãos. Com o fim do templo, porém, a prática foi interrompida e esquecida.
Reunimos algumas das passagens da Bíblia que citam o dízimo. Sempre é válido visitar as escrituras. Vejamos o que a Palavra nos diz: Dirás aos levitas: Quando receberdes dos israelitas o dízimo que vos dei de seus bens por vossa herança, tomareis dele uma oferta para o Senhor: o dízimo do dízimo. (Números 18, 26). Quando tiveres acabado de separar o dízimo de todos os teus produtos, no terceiro ano, que é o ano do dízimo, e o tiveres distribuído ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que tenham em tua cidade do que comer com fartura (Deuteronômio 26, 12) Os filhos de Levi, revestidos do sacerdócio, na qualidade de filhos de Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo, isto é, de seus irmãos. (Hebreus 7, 5)
Outra fonte importante para nós, católicos, é o Catecismo, nosso documento de referência para as ações na igreja. No quinto mandamento da Igreja, lemos: “Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja”. Este parágrafo, ao mesmo tempo em que estabelece uma obrigatoriedade e um compromisso em relação ao dízimo, orienta que cada um contribua de acordo com a sua capacidade, desobrigando o fiel da reserva de 10% dos seus rendimentos.
Finalmente, vamos à grande resposta. Hoje, o dízimo é uma contribuição regular e periódica que todo batizado é convidado a fazer, considerando uma quantia proporcional aos seus rendimentos no período. Uma ressalva é importante: mesmo que se tenha mantido o nome “dízimo” por sua tradição e peso histórico, já não se exige que o católico contribua com exatamente 10% dos seus ganhos, nem se constrange ninguém a fazer isso. Num processo pessoal, reservado e íntimo, cada um deve avaliar um percentual adequado para si, considerando suas necessidades e capacidades. Ninguém deve sofrer dificuldades financeiras para contribuir com o dízimo. Esta deve ser uma doação alegre, satisfatória. Uma forma de adoração.
Para que seja considerada dízimo, sua doação deve ser regular e representar algum percentual dos seus ganhos – mesmo que essa quantia corresponda a 1% do seu salário, por exemplo. É importante que esse valor esteja em seus planejamentos e seja separado assim que você recebe. Isso acontece, pois, além de ajudar sua paróquia a se manter organizada, limpa, bonita, repleta de ações de caridade e benfeitorias, o dízimo é um compromisso com a obra de Deus, uma demonstração de que esse projeto é importante e merece sua contribuição financeira todos os meses – assim como suas orações e ações. Se não for assim, sua doação será muito bem-vinda, mas será considerada uma oferta. As ofertas são doações espontâneas, sem valores estipulados previamente, e podem ser feitas quando você preferir. Também podem vir em forma de mantimentos, roupas, materiais, serviços e outros bens. Para saber mais, confira o post “Entenda quais são e como funcionam as partes da missa”.
Como já comentamos, o dízimo é um dos compromissos que o fiel estabelece com sua igreja e com a obra que ela realiza. Esse compromisso é um dos muitos fatores que permitem o funcionamento e aperfeiçoamento das ações cristãs. Sobretudo, é uma graça, pois é mais uma forma de demonstrar seu amor por Deus. Com muita sinceridade, esperamos que este conteúdo tenha sido útil em sua jornada de investigação e amadurecimento na fé católica. Com informação e a orientação corretas podemos ir cada vez mais longe!