A família é patrimônio da humanidade e constitui um valioso tesouro dos povos latino americanos (114). Dela recebemos a vida, que é a primeira experiência do amor e da fé.
É do seio da família que a pessoa descobre os motivos para pertencer à família de Deus (118). Na comunhão de amor da Trindade, as famílias têm sua origem, modelo perfeito, motivação mais bela e ultimo destino (434). A mentalidade machista, ainda presente, ignora que o cristianismo reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da mulher e do homem (453). A família cristã é a primeira e mais básica comunidade eclesial; nela se vivem e transmitem os valores fundamentais da vida cristã (204). É lugar e escola de comunhão e fé, fonte de valores humanos e cívicos (302), lar em que a vida humana nasce e é acolhida generosa e responsabilidade.
Milhões de famílias vivem na miséria e inclusive passam fome (65), ameaçando a instituição familiar (432). Os meios de comunicação invadem todos os espaços, inclusive a intimidade do lar (39). A situação de violência intrafamiliar se constata em famílias desestruturadas e desintegradas (439). A crise da família produz nos adolescentes e jovens profundas carências afetivas e conflitos emocionais (444). Mudanças culturais modificam os papéis tradicionais de homens e mulheres (49). Inúmeras mulheres não são valorizadas em sua dignidade e no cuidado e educação dos filhos (453). Entretanto, alenta a nossa esperança o heroísmo de muitas famílias, que, apesar das dificuldades, continuam sendo fiéis ao amor (127).
Família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é reflexo da obra criadora do Pai. Deve promover a oração diária e a leitura da Palavra de Deus fortificam nela a caridade. A família é evangelizadora e missionária.
As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém sobretudo do respeito mútuo entre pessoas. (GS 52)
O materialismo, o consumismo com ambição do ter mais, a deterioração dos valores básicos da família que desintegra a comunhão familiar, eliminando a participação corresponsável de todos os seus membros e tornando-os presa fácil do divórcio e do abandono do lar. . A degeneração da honrades, pública e privada, as frustrações, o hedonismo que incita para os vícios: o jogo, as drogas, o alcoolismo, a devassidão. (Puebla 54-58)
É dever dos pais, pela palavra e testemunho de vida, educar os filhos para o amor, acompanhado-os até a maturidade da vida (303). A pastoral vocacional começa na família e continua na comunidade cristã (314). A catequese familiar contribui com unidade das famílias, tornando-as testemunhas de fé em suas comunidades (303). Na família os pais devem alertar os filhos para o consciente e correto uso dos conteúdos disponíveis na internet, complemento da formação educacional e moral (489).
A fecundidade do amor conjugal se estende aos frutos da vida moral, espiritual e sobrenatural que os pais transmitem a seus filhos pela educação. Os pais são os principais e primeiros educadores dos filhos (GS 50). É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal de todos os membros da família, “na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa” (LG 10) O lar é assim a primeira escola de vida cristã e “uma escola de enriquecimento humano “(GS 52) É aí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno o perdão generoso e mesmo reiterado , e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida.
Nazaré é a escola na qual se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho… Primeiramente, uma lição de silêncio. Que nasça em nós a estima do silêncio, esta admirável e indispensável condição do espírito uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu caráter sagrado e inviolável uma lição de trabalho. Nazaré, ó casa do “Filho do Carpinteiro”, é aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei severa e redentora do trabalho humano…; assim como gostaríamos finalmente de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes o seu grande modelo, o irmão divino. (Paulo VI, 1964, em Nazaré)
A família é a célula da vida social. A vida em família é a iniciação para a vida social. A importância da família para a vida e o bem-estar da sociedade acarreta uma responsabilidade da mesma. O poder civil considere como dever “reconhecer e proteger a verdadeira natureza do casamento e da família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade dos lares” (GS 52). Suas comunidades humanas são compostas de pessoas. O seu bom governo não limita à garantia dos direitos e ao cumprimento dos deveres, assim como à fidelidade aos contratos. Relações justas entre patrões e empregados, governantes e cidadãos, supõem o mútuo e natural bem-querer que convém à dignidade das pessoas humanas, preocupadas com a justiça e a fraternidade.
Também é dever dos membros da família, como cidadãos colaborar com os poderes civis para o bem da sociedade num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade.
A preocupação pela família deve perpassar toda a ação evangelizadora. A Pastoral Familiar seja intensa e vigorosa para proclamar o evangelho da família, promover a cultura da vida e trabalhar para que os direitos da família, sejam reconhecidos e respeitados (435). Urge renovar a preparação remota e próxima para o casamento, acolher com caridade os casais que vivem em situação irregular, impulsionar a promoção da família, oferecer formação permanente aos agentes da pastoral familiar, estudar as causas das crises da família (437), continuar a promoção de palestras, cursos, congressos sobre família (469).
A família está ao serviço da pessoa e insere-se na sociedade com a qual mantém um relacionamento constante, recebendo e dando impulsos positivos e negativos. O que acontece nesta repercute-se necessariamente naquela e manifesta-se no tipo de pessoa que se pretende alcançar.
A família surge claramente como o serviço por excelência à pessoa humana, a comunidade de amor e de vida, alicerçada no núcleo matrimonial heterossexual, inserida na sociedade à maneira de “célula” no organismo vivo, aberta a outros espaços culturais e religiosos. Estou convencido que a sociedade só ganha com uma equilibrada relação com a família e que os adjetivos “tradicional” ou “convencional” empobrecem a riqueza do sentido que esta comporta enquanto comunidade.
Por tudo isto a Igreja defende aberta e fortemente os direitos da família contra as intoleráveis usurpações da sociedade e do Estado. De modo particular, os Padres Sinodais recordam, entre outros, os seguintes direitos da família:
Familiaris Consotio – João Paulo II