Deus se solidariza com seu povo
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes. Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Maria, nos ensina a discernir a presença de Deus em nossa história. De fato, ele sempre se mostrou solidário com os anseios do seu povo, coroando de êxito suas lutas. Mas é em Jesus que essa solidariedade tomou forma definitiva. E é por meio dele, nascido de Maria, que podemos ter certeza de que o futuro será melhor. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
“Ano novo, vida nova”, é como costumamos dizer. Cabe a perguntar: Como será minha/nossa vida ao longo deste ano? Hoje é dia de festa e de transmitir votos de paz e de esperança. Como fazer com que isso não seja um simples e tímido desejo? Pois o resto do ano são guerras, ódio, violência, exploração e mortes. Há um bilhão e quinhentos milhões de pobres no mundo. Hoje é o Dia Mundial da Paz. Em nosso país, são muitas expectativas no campo social, política, econômico etc. Deus quer que nosso país seja repleto de sua bênção, nação plenamente fraterna e justa, pois esse é o projeto de Deus. Contudo, não bastam votos e boas intenções. A proposta de Jesus é exigente e envolve todas as pessoas de boa vontade. Quem se compromete com ele se torna promotor da paz e construtor de uma nova sociedade.
Celebramos Maria, Mãe de Deus. Devemos essa festa às igrejas orientais, que logo após o Natal, prestavam reconhecida homenagem àquela que nos trouxe o Salvador.
Números 6,22-27 – A bênção de Deus é vida, liberdade e paz todos. A bênção é um sinal da presença protetora e vivificante de Deus no meio do seu povo. O texto conserva uma bênção muito antiga, em que Javé é invocado três vezes. Tal bênção mostra que o povo pertence a Deus e que este o abençoa com a paz, quer dizer, com a vida plena, segundo o modo bíblico de entender a paz.
Lucas 2,16-21 – A solidariedade de Deus para com os pobres se chama Jesus (Javé salva). Os primeiros a receber a Boa Notícia (Evangelho) são os pobres e marginalizados, aqui representados pelos pastores. Com efeito, na sociedade da época, os pastores eram desprezados, porque não tinham possibilidade de cumprir todas as exigências da Lei. É para eles que nasceu o Salvador, o Messias e o Senhor. E são os primeiros a anunciar a sua chegada. Jesus é o Salvador, porque traz a libertação definitiva. É o Messias, porque traz o Espírito de Deus, que convoca os homens para uma relação de justiça e amor fraterno (cf. Is 11,1-9). É o Senhor, porque vence todos os obstáculos, conduzindo os homens dentro de uma história nova.
Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
Gálatas 4,4-7 – O cristão não perde sua identidade. Paulo coloca no mesmo plano os ritos religiosos pagãos e os ritos judaicos. Se os gálatas se submeterem aos costumes judaicos, estarão vivendo a mesma vida pagã de outrora, submissos e escravos de outras criaturas. O homem de fé deve depender unicamente do seu Criador, de quem se tornou filho, graças a Cristo.
A liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).