No Pentecostes, coroa do Ciclo de Páscoa, todos nascemos e renascemos continuamente. Nascemos para a vida no Espírito e renascemos para o projeto de Deus, procurando falar a linguagem do Espírito ao mundo de hoje. Bebendo o mesmo Espírito que foi a base da ação e da palavra de Jesus, a comunidade cristã provoca o julgamento de Deus (evangelho). Reunida pelo Espírito de Jesus, torna-se a epifania de Deus, proclamando suas maravilhas (I leitura) e levando o projeto de Deus a todos os povos. Forma o corpo de Cristo e bebe do único Espírito. Por isso, na comunidade cristã, cada pessoa é um dom do Espírito para formar a comum-unidade (II leitura). Ninguém possui plenamente o Espírito, e ninguém está privado dele. Na união de todos é que se forma o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo.
Atos 2,1-11: O milagre das línguas – Pentecostes é interpretado como acontecimento escatológico a partir da profecia de Joel ( At 2, 16-21). Mas, sobretudo, é o cumprimento da palavra do Cristo ( Lc 24,49). Passa como um vendaval ao ouvido, como fogo aos olhos; mas permanece como transformação do “pequeno rebanho” em Igreja missionária. Também hoje. A Igreja do Cristo se reconhece pelo esforço que ela dá ao Espírito e pela capacidade de proclamar sua mensagem
João 20,19-23: Dom do Espírito pelo Cristo ressuscitado – Celebramos a sexta Santa, Páscoa e Pentecostes em três dias diferentes. Mas a realidade é uma só: a “Exaltação” de Cristo na Cruz e na Glória, fonte do Espírito que ele nos dá. No próprio dia da Páscoa, Jesus vem entregar este dom aos seus, com sua paz e a missão de tirar o pecado do mundo, missão de Jesus mesmo (1,29.35). O mundo ressuscita com Cristo pelo Espírito dado à Igreja.
Pentecostes é a plenificação do Mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, o outro Paráclito”, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa. A liturgia de hoje, porém, acentua menos este lado teológico e mais a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes ( I leitura) e nos carismas da Igreja ( II leitura), sinais da unidade e paz que o Cristo veio trazer. Isto porque a pregação dos apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão de raças e línguas, e a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Ambos estes temas poderiam servir para a reflexão de hoje.
1 Cor 12,3-7.12-13: Unidade do Espírito na diversidade dos dons – “Jesus é o Senhor” é a confissão que une a Igreja primeira (Fl 2,9-11). E esta confissão só se consegue manter na força do Espírito. Como a unidade da confissão, o Espírito dá também a multiformidade dos serviços na Igreja. Todos que pertencem a Cristo são membros diversos do mesmo Corpo.