A Restauração da Humanidade em Cristo e o Batismo.
Estamos na Quaresma, tempo que nos prepara à celebração da vitória de Jesus sobre a morte, e tempo de conversão. Tempo de volta ao nosso “primeiro amor”, nosso projeto de vida assumido diante de Deus e Jesus Cristo. As leituras deste domingo ensinam-nos a acreditar na possibilidade da renovação de nossa vida cristã.
A liturgia de hoje se inspira na catequese batismal. Nos primórdios da Igreja, a Quaresma era a preparação para o batismo, administrado na noite pascal. O batismo era visto como participação na reconciliação operada pelo sacrifício de Cristo por nós (Rm 3,21-26). No mesmo espírito, a liturgia renovada do Concílio Vaticano II insiste em que, na noite pascal, sejam batizados alguns novos fiéis, de preferência adultos, e que todos os fiéis façam a renovação da vida batismal faz sentido, pois , enquanto não tivermos passado pela última prova, estamos sujeitos à desistência. Como à humanidade toda, no tempo de Noé, também a cada um, batizado ou não, Deus dá novas chances: eis o tempo da conversão.
A liturgia de hoje é animada por um espírito de confiança. Ora, confiança significa entrega: corresponder ao amor de Deus por uma vida santa ( oração do dia). É claro, devemos sempre viver em harmonia com Deus, correspondendo a seu amor. Na instabilidade da vida, porém, as forças do mal nos apanham desprevenidos. Mas a Quaresma é um “tempo forte”, em que convém pôr à prova o nosso amor, esforçando-nos mais intensamente por uma vida santa.
Gêneses 9,8-15 : Dilúvio e aliança com a humanidade – O dilúvio é o símbolo do juízo de Deus sobre este mundo. Mas repousa sobre este também sua misericórdia, simbolizada pelo arco-íris. Deus faz uma aliança com Noé e sua descendência, isto é, a humanidade inteira. Apesar do mal, Deus não votará a destruir a humanidade. É significativo que esta mensagem foi codificada no tempo do declínio do reino de Judá. A fidelidade de Deus dura para sempre.
Marcos 1,12-15 : Tentação de Jesus no deserto e começo de sua pregação – O batismo de Jesus, sua “provação” no deserto e o fim do mistério do Batista significam o fim da pregação de Jesus. Aproxima-se a grande virada do tempo: Jesus anuncia a Boa-nova do Reino de Deus. A tentação no deserto transforma-se em situação paradisíaca: Jesus é o novo Adão, vencedor da serpente. Seu chamado à conversão é um chamado à fé e à confiança.
1Pedro 3,18-22 : Dilúvio e batismo – 1Pd caracteriza-se por seu teor de catequese batismal. O batismo inclui a transmissão do credo. 1Pd 3,18-4,6 contém os elementos do primitivo credo: Cristo morreu , ressuscitou, foi exaltado ao lado de Deus, julgará vivos mortos. Tendo ele trilhado antítipo do dilúvio, purifica a consciência e nos orienta para onde Cristo nos precedeu.