Ciclo do Natal – Ano C – Do advento ao batismo do Senhor
Espiritualidade do Natal
A libertação está próxima
Advento é o tempo de grande compromisso com o projeto de Deus. Olhando a realidade do povo em nosso país, constatamos que há um abismo entre o que o Senhor quer e a situação em que se encontra a maioria da nossa gente. Contudo, os anseios do povo coincidem profundamente com o plano divino: a paz que é fruto da justiça. O povo quer dirigentes e governantes legítimos, dos quais possa cobrar seus direitos e justiça (I leitura).
A celebração eucarística é lugar onde o povo oprimido pode ficar de pé e levantar a cabeça, porque a libertação está próxima (evangelho). A morte e ressurreição de Jesus, celebradas na Eucaristia, são a presença do Deus que age na história, julgando e libertando.
Celebrar é atualizar o amor de Cristo por nós, traduzindo-o em fraternidade e solidariedade, de modo que o mundo inteiro conheça e participe do projeto de Deus, pois o amor prepara a vinda de Jesus (II leitura).
Jeremias 33, 14-16 – A paz é fruto da justiça. Jeremias vê chegar a desgraça. Apesar de tudo, continua afirmando que Javé é fiel ao seu amor e ao seu projeto, e refará a vida do seu povo. O texto é um acréscimo feito nos primeiros tempos depois do exílio.
Lucas 21, 25-28.34-36 – Fiquem de pé e levantam a cabeça porque a libertação está próxima.
A queda de Jerusalém manifesta e antecipa o julgamento com que Deus acompanha toda a história, e que se consumará no fim dos tempos. O Filho do Homem é Jesus que, pela sua morte e ressurreição, testemunhadas pelos discípulos, irá reunir todo o povo de Deus (cf. Dn 7,13 -14). Tarefa urgente do discípulo é testemunhar sem esmorecer, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo, por ele prometido, impede que o discípulo se instale na situação presente; e por outro lado, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável.
I Tessalonicenses 3,12-4,2 – O amor prepara a vinda de Jesus. A vivência do amor é o critério último para discernir se é autêntica ou não a vida da comunidade cristã. Trata-se de amor recíproco que faz a comunidade crescer por dentro e, ao mesmo tempo, impulsiona a comunidade para fora de si mesma, a fim de testemunhar o Evangelho a todos. É esse amor que constitui a santidade da comunidade, fazendo-a enfrentar sem temor o julgamento de Deus. A carta se dirige a cristãos que vivem numa cidade pagã, em ambiente relaxado e tolerante do ponto de vista moral, especialmente no que se refere à vida sexual. Paulo frisa que o cristão é chamado à santificação, e isso significa compreender de maneira nova a si mesmo, os outros e as relações humanas.