Eucaristia: fraternidade, amor, serviço
A Páscoa dos judeus, mão da Páscoa cristã, trazia daquilo que hoje celebramos: o início de uma nova ordem das coisas, a partilha, a preservação da vida e o memorial dos feitos de Deus (I leitura).
O episódio do lava-pés caracterizou o projeto de Deus revelado em Jesus. Para ser cristã, a comunidade precisa assumir esse projeto, tornando-o realidade no amor-serviço aos outros. Essa é a autêntica conversão a Jesus Cristo (evangelho).
A Quinta-feira Santa é o dia em que celebramos a instituição da Eucaristia. Escrevendo aos críticos, Paulo dá uma amostra de como deve ser celebrada, para que possa eliminar as ambigüidades que nem sempre percebemos ao participar da Ceia do Senhor (II leitura).
Ex 12,1-14) : Vida em meio à morte . A ceia Pascal de Israel – Páscoa é uma antiga festa dos pastores (primícias), posteriormente unida com a festa agrícola dos pães ázimos e interpretadas como recordação da saída do Egito. Assim, cada geração “representava” a libertação da escravidão na refeição do cordeiro pascal. E pela comemoração, reforçava-se a esperança na obra definitiva de Deus.
João 13,1-15 O lava-pés . O cerne do amor e serviço – Jesus prossegue consciente seu caminho que é o amor “até o fim”. Até o fim do que é humanamente possível: a doação na morte. E até o fim que Deus outorga: a glorificação (13,1.3): No serviço de escravo (o lava-pés) prefigura-se a morte da cruz e, como nesta, revela-se a grandeza do amor divino em Cristo. Como as palavras eucarísticas , o lava-pés serve para, antecipadamente, mostrar o sentido da cruz: amor que serve, doação até o fim. É a lei de Cristo e da Igreja.
1 Coríntios 11,23-26 : Eucaristia sem fraternidade é comungar a própria condenação. Tradição paulina da instituição da Ceia do Senhor. A instituição da ceia eucarística nos á narrada em duas versões (tradições): 1) Mc 14,22-24 e Mt 26,28; 2)1Cor 11,23-35 e Lc 22,19-20 (com influência de Mc 14). No essencial, as duas tradições são concordes. Jesus deu à antiga refeição pascal um conteúdo novo, pleno. Ele mesmo é o Servo de Deus, que dá sua vida “pelos muitos”. Ele mesmo é o cordeiro imolado, que sanciona a Nova Aliança com seu sangue (Ex 24,8; Jr 31,31-34) A participação nesta refeição significa participação de sua morte e ressurreição e comunhão com todos que participam (e com todos por quem Jesus morreu).