Este ano, o 13º Domingo Comum coincide com a Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A liturgia convida-nos a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador de Deus.
Pedro e Paulo, são considerados “colunas da Igreja”. Pedro recorda mais a instituição; Paulo , o carisma e a pastoral. Exerceram atividades diferentes, em campos diferentes. Desentenderam-se também. Apesar de divergirem nos pontos de vista e no martírio. Em ambos, quer na vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Cristo de formas diferentes. Mas é único e idêntico o testemunho que deram de Jesus. Por isso são figuras típicas do cristão, com suas fraquezas e forças. Fortes no anúncio, foram corajosos até o fim no testemunho de Jesus.
Mateus 16,13-19 – A missão de quem reconhece Jesus
O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-no como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo.
Atos 12,1-11 – Paixão de Pedro , Paixão de Jesus
A primeira leitura mostra como Deus fundamenta o testemunho dos discípulos e como cuida deles quando o mundo os rejeita. Na ação de Deus em favor de Pedro – o apóstolo que é protagonista, na história que este texto dos Atos hoje nos apresenta – Lucas mostra a solicitude de Deus pela sua Igreja e pelos discípulos que testemunham no mundo a Boa Nova da salvação.
Acerca de 43 dC: Herodes Agripa I manda executar Tiago, filho de Zebedeu. Depois, manda aprisionar Pedro. Mas o anjo do Senhor o liberta – como libertou os israelitas do Egito. A comunidade recorreu à arma da oração: é Deus quem age. Ele é o Libertador . Ex 18,10 , Dn 3,95, Lc 1,68.71.74.
2 Timóteo 4,6-8.17-18 – Paixão de Paulo, Paixão de Paulo
A segunda leitura apresenta-se como o “testamento” de Paulo. Numa espécie de “balanço final” da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto comovente e questionante, que convida os cristãos de todas as épocas e lugares a percorrer mesmo caminho com entusiasmo, com entrega, com ânimo – a exemplo de Paulo.
Diante da certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé. Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3.° Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15,37-39). Mas o encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10).