Terceiro Domingo do Advento

Alegria: O Senhor Está no Meio de Nós

No terceiro domingo do Advento reaparece a figura do Batista. Sua mensagem, porém, não é mais caracterizada pelo tema da conversão, como no domingo anterior, mas pelo tema do testemunho. Comparado as teologias bíblicas, podemos dizer que Marcos apresenta João como o profeta escatológico, o novo Elias, que prepara os corações para participar do Reino que vem de Deus, mediante a conversão. No centro do evangelho de Marcos está Jesus como aquele em quem acontece a chegada do Reino de Deus. A visão de João é um tanto diferente. O conceito de Reino, em João, é substituindo por “vida eterna”. João evita toda historização do Reino; o Reino (de Jesus) não é deste mundo (Jo 18,36). Deus não se manifesta num Reino (visível), mas em Jesus mesmo (14,9). Daí sua tendência a eliminar os tradicionais conceitos apocalípticos, tal a figura do profeta escatológico ( o novo Elias). João Batista recusa todo e qualquer destes títulos, inclusive o de Elias, confirmado expressamente pelos outros evangelistas. Ele não é um personagem escatológico. Ele é apenas uma voz, uma testemunha. Ele não é a luz do mundo, mas a lâmpada provisória.

Isaias 61,1-2.10-11: O Espírito do Senhor repousa sobre mim, para levar a Boa-Nova aos pobres – O profeta de Isaias 61 ( Terceiro Isaías) exprime sua experiência do Espírito, lembrando as palavras do Segundo Isaías(42,1). Este Espírito o impulsiona a levar a Boa-Nova aos pobres ( o resto de Israel, o povo humilde vivendo na opressão e na dependência, na região de Judá, depois do Exílio). Anuncia o “ano sabático” ( restituição das propriedades aos pobres)., encarado como solução dos grandes problemas sociais. A conseqüência de sua mensagem e da obra de Deus será o júbilo proclamado nos vers 10-11, uma espécie de Magnificat. Este texto é aplicado por Jesus a si mesmo, em Lc 4,18

João 1,6-8.19-28: A missão de João Batista – Cristo é a luz nas trevas ( e estas a impugnam) (Jo 1,5). João Batista não é esta luz, mas o testemunho dela (1,6-8). Ele não é o salvador escatológica e não quer para si nenhum de seus títulos (1,19-21). Ele é (apenas) a “voz clamando no deserto” de Is 40,3. Anuncia o mais forte do que ele, que já está, desconhecido, no meio do povo (1,25-27).

Primeiro Tessalonicenses 5,16-24 : Alegria e ação de graças sempre – Uma exortação à alegria e contínua ação de graças, pois é para ver-nos assim felizes que Deus nos fez participar do Evento de Jesus Cristo. Daí, as orientações práticas: não apagar o Espírito, avaliar tudo e guardar o que serve, eliminar todo o mal. Termina com um voto de paz, o que significa: perfeição escatológica. Pois Deus é fiel – 5,16-19.

Reflexão

É possível construir uma sociedade justa e fraterna onde a vida de todos é preservada e promovida.

Jesus não veio pôr remendos em instituições que, além de não preservar e promover a vida, exploram o povo em nome de Deus. E hoje, quais as instituições que não preservam nem promovem a vida do povo?

Paulo nos ajuda a descobrir a verdadeira religião. Quem acha que a religião se resume espetáculos sem riscos ou em raciocínios bem elaborados, cedo ou tarde deverá ajustar realidades concretas do povo pobre e crucificado. Se não o fazer, não estará anunciando Cristo crucificado, mas si mesmo.

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