No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja.
Quem é Jesus?
Jesus é o Messias, aquele que se pois a serviço do Pai para comunicar a vida. Seu projeto é realizar o desejo do Pai, que é salvar a todos (II leitura). Os que assumem com ele esse projeto recebem com ele esse projeto recebem o poder de ligar-desligar, isto é, de provocar um julgamento em torno do que favorece ou impede a vida. Esse poder delegado, em aberto conflito com as forças da morte (evangelho), se traduz em serviço para bem comum (I leitura)
Isaias 22, 19-23 – O exercício do poder em vista do bem comum –
A primeira leitura mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
O exílio mostrou que Javé não está ligado exclusivamente a uma terra e nação. Doravante, o povo de Deus está aberto aos pagãos, desde que aceitem viver segundo a justiça e o direito. Essa abertura ultrapassa as restrições previstas pela Lei (Dt 23,2-9) e começa a quebrar um nacionalismo fechado.
Mateus 16, 13-20 – A missão de quem reconhecer Jesus –
O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo.
Romanos 11, 33-36 – O amor de Deus é para todos –
A segunda leitura é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projetos de salvação do homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor ao Deus salvador e libertador.
Contemplando o final da história, quando a humanidade toda se reúne, salva por Deus, Paulo tem exclamações de admiração e de adoração.
Mensagem : A pergunta – Quem é Jesus? Sintetiza o domingo de hoje. A resposta virá à medida que as pessoas forem identificando com ele. Pelo esforço de assimilação de que seu projeto, e pela presença reveladora do Pai, os cristãos se tornam construtores do mundo novo, capazes de vencer as forças que emperram a caminhada do bem, pois a convicção que os orienta é a certeza de que Deus é o Deus da vida; por isso pode ligar-desligar.
Rezemos :
Jesus, nosso irmão, com o apóstolo Pedro proclamamos os títulos que revelam a tua natureza e a tua missão: Filho do homem, novo Elias, grande Profeta, Messias, Filho do Deus vivo. Nós Te bendizemos!
Nós Te pedimos pela tua Igreja, pelo sucessor de Pedro e por todos os bispos a quem confias as chaves do teu Reino.