Que tipo de Messias é Jesus?
Celebrar a Eucaristia é fazer memória da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ele é o Messias, mestre, profeta e revelador do projeto de Deus. Seu messianismo é marcado pelo sofrimento, morte e ressurreição, com os quais destrói a sociedade injusta que devora vidas humanas. Jesus é o Messias que chama as pessoas ao compromisso com seu projeto. Ser discípulos dele é fazer as mesmas coisas que ele fez para libertar o mundo da ganância que mata. Por isso, celebrar não é só fazer memória das ações libertadoras do Messias, mas atualizá-las na prática concreta, pois a fé sem obras é morta. À medida que celebramos, vamos crescendo na consciência de que o projeto de Deus nos chama ao compromisso. Celebrar a fé é encher-se de força para enfrentar tudo o que impeça a vida e a liberdade do ser humano.
Isaías 50, 5-9 – Missão do servo sofredor. É o terceiro «cântico do Servo de Javé» . A missão do Servo é, aqui, apresentada como encorajamento aos fracos e abatidos. Para isso, não resiste ao que Javé lhe pede e não recua diante das dificuldades e ataques de adversários. Quem o acusará se o seu advogado é o próprio Deus? Os adversários serão apanhados na mesma armadilha que lhe tinham preparado. Tal foi a atitude de Jesus, e é a característica fundamental de seus seguidores.
Marcos 8, 27-35 – Jesus é o Messias . A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e veem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um Messias glorioso e triunfante.
Tiago 2,14-18 – Atos que comprovam a fé. O favoritismo, que faz diferença entre as pessoas, opõe-se à fé no Senhor Jesus Cristo. De fato, para o cristão existe uma só glória: é a glória do Senhor. Os vv. 2-4 apresentam exemplo concreto do favoritismo que deforma a comunidade cristã.
Deus prefere os pobres e, portanto, essa é a única preferência que se justifica na sociedade humana. A dignidade dos pobres repousa no fato de que eles são ricos na fé e herdeiros do Reino (cf. Mt 5,3; 11,25-27). Os ricos são indignos porque difamam o nome, isto é, a própria pessoa de Jesus (cf. At 9,5) oprimindo, perseguindo e distorcendo a justiça contra aqueles que se comprometem com o projeto de Deus. O favoritismo em prol dos ricos não se concilia com a fé cristã, porque se choca com o mais importante dos mandamentos. Segundo o contexto, próximo, aqui, significa o pobre e oprimido. Qualquer tipo de favoritismo em favor do rico não é simplesmente desobediência a um dos pontos da lei de Deus, mas à lei inteira, que se resume no amor ao pobre. O cristão se rege pelo Evangelho, que tem como centro o mandamento do amor (= lei da liberdade, cf. nota em 1,19-25). E este mandamento se realiza na prática da misericórdia, concretizada na preferência pelos pobres e marginalizados, tornando-se a matéria única do julgamento (cf. Mt 25,31-46).
O único meio de salvação é a fé, a adesão a Jesus Cristo. Essa fé, porém, não é coisa teórica ou mero sentimento interior; é o compromisso que se manifesta concretamente em atos e fatos visíveis (cf. Mt 7,21). Tiago toma dois exemplos do Antigo Testamento, que podem ser comparados com Hb 11,31 e, principalmente, com Rm 4 e Gl 3.