“O que Deus uniu, o homem não separe”
A celebração da Eucaristia é união de todos os cristãos, em comunhão com Cristo e o Pai, na força do Espírito Santo, Deus criou as pessoas para a comunhão e a união, na igualdade de condições. Sem o outro somos incompletos e inacabados (I leitura). O matrimônio cristão aponta para uma realidade mais profunda, a união entre Cristo e a Igreja. O próprio Jesus quer que essa união não seja desfeita, porque a indissolubilidade do matrimônio remonta ao projeto de Deus (evangelho). Na celebração eucarística, a comunidade cristã deveria pôr como centro de suas atenções os empobrecidos e marginalizados, amigos e preferidos de Jesus. Excluí-los é irritar o Messias (evangelho). A Eucaristia nos ensina ainda a sermos solidários como Jesus, que não se envergonha de chamar-nos “irmãos” (II leitura). Será que temos a coragem de abraçar os empobrecidos, solidarizando-nos com eles?
Gêneses 2,18-24 – Deus criou as pessoas para a comunhão e a união. Deus criou a terra para que o homem usufrua dela e possua vida plena (árvore da vida). A condição única é o homem se subordinar a Deus: obedecer ao seu projeto de vida e fraternidade, e não querer decidir por si mesmo o que é bem e o que é mal (comer o fruto da árvore do bem e do mal), a fim de não ser causa a espécie alguma de opressão e morte. Os vv. 18-25 salientam duas coisas: primeiro, que o homem tem domínio sobre a criação «dando nome aos animais» e, por isso, participa do poder criativo de Deus; segundo, que «a mulher não foi tirada da cabeça do homem para mandar nele, nem foi tirada dos pés dele para ser sua escrava; mas foi tirada do lado, para ser sua companheira».
Marcos 10, 2- 16 – “O que Deus uniu o homem não separe”. Jesus recusa ver o matrimônio a partir de permissões ou restrições legalistas. Ele reconduz o matrimônio ao seu sentido fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus e com vocação de eternidade. Diante desse princípio fundamental, marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos direitos e deveres.
Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino.
Hebreus 2,9-11 – Jesus é nosso irmão. Encarnando-se, Jesus se torna irmão solidário dos homens e assume totalmente os problemas deles, chegando a entregar-se à morte para introduzir os homens no reino da vida. A cruz é o seu sinal de glória e honra: o Filho de Deus feito homem e crucificado foi glorificado e agora domina o universo (cf. Fl 2,6-11). A humanidade encontra em Jesus um seu semelhante, capaz de ser sua garantia junto de Deus, como verdadeiro sumo sacerdote (v. 17). Os vv. 17-18 apresentam o tema central do sermão, que vai ser desenvolvido nos capítulos seguintes, a saber: Jesus é o sumo sacerdote, fiel a Deus e solidário com os homens.