Deus optou pelos pobres
“O indigente está atormentado pela falta do necessário e se lamenta e levanta muitos acusadores e não deixa nenhuma rua a percorrer, perseguindo porá sua miséria, sem ter nem onde passar a noite. Como conseguirá o infeliz dormir, atormentado pelo estômago, cercado pelo ícone, desprotegido quando vem o frio ou quando cai o aguaceiro?
Você sai limpo de seu banho, vestindo roupas claras, cheio de satisfação e euforia e se dirige à esplêndida mesa que lhe foi posta. O outro, porém, transido de frio e morto de fome, dá voltas pela praça pública, com a cabeça baixa e estendendo as mãos. O infeliz já nem tem ânimo para se dirigir ao bem-alimentado e bem-descansado, pedindo-lhe o sustento necessário, e muitas vezes se retira coberto de insultos” (São João Crisóstomo, homilia sobre a epístola aos coríntios, citado em Por que a Igreja critica os ricos?).
Amós 6, 1a. 4-7: A falsa segurança dos ricos e poderosos. A classe dominante de Israel se mantém numa vida de privilégios, às custas da exploração do povo (da «ruína de José»). Todavia, o profeta assegura que isso tudo terá um fim, pois o dia fatal se aproxima.
Lucas 16, 19-31: Deus optou pelos pobres. A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.
1Timóteo 6,11-16: O cristão é, na sociedade, a própria presença de Jesus. O verdadeiro doutor é aquele que foge da ambição e vive com sobriedade. Seu compromisso primeiro é com a verdade, a qual se manifesta no ministério de Cristo, relembrado nos vv. 15-16.